20070719

a poesia sem máscaras

não sou poeta.
tentei e cansei.
não sou, nunca fui e, provavelmente, nunca o serei.
o que haveria de errado comigo?
não consigo escutar as flores,
o sol, o azul e os pássaros
(a não ser quando estou bêbado...).
não me encanto com as crianças
correndo, sorrindo, felizes e contentes,
não fazem mais que me encher a paciência
e aquela linda moça ali na esquina;
uma musa, com toda sua sensualidade feminina,
não me inspira sequer uma linha
(a não ser um membro, coisas distintas...).

não sou poeta.
sou uma máquina.
uma máquina defeituosa chamada animal.
uma máquina perturbada por litros de hormônio correndo no sangue
(e pelo grito das crianças lá fora...).
uma máquina que escreve seguindo seu raciocínio logicamente encadeado, escolhendo palavra a palavra, vírgula a vírgula, ponto a ponto, tentando fazer que uma outra máquina que lê achar que algo sente.

0 comentários: